
Razões para assistir “M-8: Quando a morte socorre a vida”
O filme brasileiro “M-8: Quando a morte socorre a vida” conta a história de Maurício (Juan Paiva), estudante calouro do curso de Medicina em uma Universidade Federal. No curso, ele observa que é o único aluno negro entre os estudantes, enquanto os corpos dos mortos que vão ser estudados na aula de anatomia são de negros. Durante o semestre, encontrar a identidade do cadáver M-8 passa a ser uma questão espiritual e pessoal para Maurício, além de enfrentar o racismo entre colegas e na rua.
Confira as razões para conhecer o longa que estreia dia 03 de dezembro:
A força do elenco
Além do protagonista Juan Paiva, o elenco tem atores pretos que dão mais força à trama. Raphael Logam, Zezé Motta, Aílton Graça, Rocco Pitanga, Mariana Nunes e Lázaro Ramos refletem com maestria o racismo estrutural da sociedade brasileira e entregam um trabalho comovente.

A luta anti- racista
Os diálogos e acontecimentos em torno do preconceito racial divide o mundo do personagem em dois. O protagonista se encontra inserido na realidade de uma maioria branca na universidade e vem de uma realidade pobre em que seus vizinhos e conhecidos são negros. A trama não relaciona apenas a dor e sofrimento que o racismo causa, mas a necessidade de enfrentá-lo no cotidiano, de se mover para mudar situações.

O reflexo da realidade
As mães que protestam pelo desaparecimento de seus filhos não estão na trama ao acaso para criar uma ligação com o protagonista e fazer uma representação, mas sim uma realidade. Entre 12 e 26 de maio de 2006, 564 pessoas foram mortas em São Paulo por arma de fogo. A razão do massacre foi um ataque da facção PCC (Primeiro Comando Capital) à agentes da segurança pública, o que levou à retaliação da polícia.
Delegacias, carros e bases da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Guarda Civil Metropolitana foram atacadas. Em contraponto, estudos apontam que, principalmente nas periferias da capital, interior e litoral, houve muitos ataques contra civis, sendo que nem todos os suspeitos têm, até hoje, envolvimento comprovado com o crime organizado. O movimento Mães de Maio até hoje existe e defende o fim do genocídio à população negra e periférica.

Além disso, a presença da imagem de um grafite num muro da rua onde o protagonista mora e aparece em vários momentos do filme, reforça uma mensagem importante: “Marielle presente”.

Religião fora de estigmas
A presença da umbanda como religião do protagonista sem estereótipos a serem discutidos ou intolerância religiosa por parte dos colegas de universidade abre portas para que mais personagens expressem alguma religiosidade nas tramas brasileiras. É importante a representatividade religiosa para que os preconceitos sejam cada vez mais desmistificados.

Uma outra opção enquanto o filme não estreia.
O filme é baseado no livro homônimo de Salomão Polak, que foi lançado em 1996. Pode ser encontrado em sebos virtuais ou revenda de sites e que podem gerar diferentes perspectivas da mesma história.
Indicação ao Oscar
O filme está na disputa da vaga brasileira para “Melhor Filme Estrangeiro” no Oscar, uma das maiores premiações do cinema mundial. A produção foi dirigido por Jeferson De. A comissão que seleciona o indicado brasileiro, sob responsabilidade da Academia Brasileira de Cinema, deve divulgar o resultado no dia 13 dezembro.
Parece muito interessante… abordando muitos pontos importantes, estou ansiosa para assistir!